domingo, 21 de novembro de 2010

Os vikings descobriram a América?


Foi Leif Eriksson, e não Cristóvão Colombo, quem descobriu a América. O explorador viking chegou ao continente americano cerca de 500 anos antes do navegador genovês. Isso mesmo. Apesar de nos livros escolares geralmente a gente aprender que o Novo Mundo foi conquistado em 1492, na verdade sua descoberta ocorreu por volta do ano 1000. Essa teoria é conhecida há décadas, mas só nos últimos anos os estudiosos conseguiram descobrir mais detalhes sobre a aventura viking.

As sagas vikings sempre falaram de uma mítica Vinland, ou terra das vinhas, que teria sido descoberta na virada do século 10 para o 11. No entanto, até os anos 60 não havia qualquer prova de sua existência. A confirmação só ocorreu quando o explorador norueguês Helge Ingstad e sua mulher, a arqueóloga Anne Stine Ingstad, encontraram, com a ajuda de pescadores, vestígios de um assentamento nórdico em L’Anse aux Meadows, na costa da ilha de Terra Nova, no Canadá. Datações feitas por carbono 14 indicaram que os vestígios são mesmo do ano 1000, o que coincide com os relatos vikings sobre a viagem de Eriksson. A localização e as características dessas ruínas também estavam de acordo com o descrito pelos contemporâneos de Eriksson. Todas as evidências, juntas, fizeram com que o mito viking ganhasse consistência. Considerado o mais antigo assentamento europeu no Novo Mundo, o local foi declarado Patrimônio da Humanidade pela Unesco, em 1978.



Mas, afinal, quem foram os vikings? Esses bárbaros de olhos azuis e cabelos loiros ou ruivos foram um povo de camponeses e pescadores que viveu no norte da Europa, nos territórios que hoje correspondem à Escandinávia – Dinamarca, Suécia e Noruega. Lá Eriksson é tratado como um verdadeiro herói, com direito a estátua em praça pública e lugar de honra nos livros de história. O nome viking significa homem de vik, ou “baía”, embora alguns especialistas afirmem que sua origem pode ser a palavra “pirata” de antigas línguas escandinavas. Os vikings praticavam a agricultura e dependiam da criação de gado, bodes, ovelhas e porcos para sobreviver. Eles se organizavam em clãs, espécie de tribos unidas por laços familiares e chefiadas por proprietários de terra, que também assumiam o papel de líderes militares. Os proprietários de terra formavam a classe mais alta da sociedade viking. A classe intermediária era composta por artesãos, pescadores e pequenos agricultores e, a mais baixa, por escravos capturados durante ataques a outras regiões.

Guerreiros bárbaros

Em seu tempo, esses piratas nórdicos foram um dos povos mais temidos da Europa e, a partir do final do século 8, espalharam o terror com os ataques que realizavam nas áreas costeiras da Irlanda, da Inglaterra, da França e da Rússia. Os mosteiros eram os alvos prediletos dos invasores vikings, já que eram desprotegidos e estavam repletos de tesouros eclesiásticos e vinho. Sendo pagãos, os vikings pilhavam sem dó. Muitas vezes, eles praticavam a extorsão em troca de proteção. Em alguns locais, no entanto, eles não foram apenas para pilhar, mas para ficar. Dublin, na Irlanda, tornou-se uma cidade viking, assim como York e outras inúmeras cidades no norte e no oeste da Inglaterra. Os invasores nórdicos também criaram o ducado da Normandia, na França, e uma dinastia que reinou em Kiev, na Ucrânia.

Mas os vikings não eram apenas guerreiros bárbaros. Eram também hábeis comerciantes e conseguiram estabelecer uma ampla rede de contatos que se estendia da região onde atualmente é o Iraque até o Canadá. Esses povos escandinavos foram democratas e tinham um parlamento que elaborava leis e julgava crimes. Sua cultura era tão sofisticada quanto a do resto da Europa. A literatura oral era riquíssima, com poemas épicos que não deixam nada a dever aos grandes poemas homéricos. O mais importante de tudo, no entanto, é que os vikings foram hábeis construtores de barcos, os melhores de seu tempo. Entre os séculos 9 e 11, eles foram a maior potência naval da Europa. Prova disso foi encontrada em 1997, quando nove navios foram desenterrados das areias de Roskilde, na Dinamarca. A descoberta ocorreu quando o Museu de Navios de Roskilde decidiu ampliar suas instalações. “Por pouco não erguemos o museu sobre navios enterrados”, disse o antropólogo Max Vinner. A maior embarcação viking conhecida até hoje foi encontrada no local. Trata-se de um navio de guerra longo e estreito, um drakkar (dragão), com 36 metros de comprimento e espaço para 100 homens. Na proa ficava a cabeça do dragão. Os vikings acreditavam que, além de assustar os inimigos, o animal também afastava maus espíritos.

A expansão do comércio viking é tida como uma conseqüência do desejo dos povos nórdicos de conseguir bens que eles não podiam obter em casa, como seda, vidro e metal de boa qualidade para fazer espadas. Mas o crescimento da população levou esse povo a navegar por outros mares não apenas para praticar o comércio, mas para morar. Não havia terra suficiente para produzir alimento para os cerca de 2 milhões de nórdicos que viviam na Escandinávia no início do século 9. Por isso eles migraram e estabeleceram colônias em outros lugares, como a gélida Islândia, próxima ao Círculo Polar Ártico.

Na Groenlândia

Um dos locais onde os vikings se estabeleceram foi a Groenlândia, ou Greenland (terra verde). E o fundador dessa colônia foi ninguém menos do que o pai de Eriksson: Eric, o Vermelho, que havia sido expulso da Noruega por assassinato. Da Noruega, o arruaceiro Eric fora mandado para a Islândia, mas lá voltou a se envolver em confusão após uma disputa com um vizinho em torno de gado. Novamente ele cometeu assassinato e acabou num exílio forçado de três anos na Groenlândia. O julgamento de Eric ocorreu numa assembléia-geral chamada Althing, na qual representantes de toda a população se reuniam anualmente para discutir assuntos da comunidade e disputas legais. A instituição existe até hoje na Islândia e, mais de mil anos depois, é atualmente considerada o mais antigo parlamento em vigor em todo o mundo.

Eric construiu uma fazenda na Groenlândia, além de uma pequena igreja para sua mulher, Thjodhild, que era cristã. Naquela época, os vikings, que eram pagãos, começavam a se converter ao cristianismo. As ruínas dessa igreja – uma construção de 2,4 metros de largura e 3,7 metros de comprimento – foram encontradas em 1961. No entanto, a descoberta mais espetacular na região ocorreu em 1990. Nesse ano foram encontrados enterrados na areia restos de madeira de uma enorme construção, com cerca de 30 cômodos, que provavelmente abrigavam de 15 a 20 pessoas, além de ovelhas, bodes, vacas e cavalos. O motivo para a convivência tão próxima entre seres humanos e animais é a baixíssima temperatura da região, que chega a atingir 50 graus Celsius negativos. No local foram encontrados mais de 3 mil artefatos, como brinquedos, pentes e um tear de lã. “Definitivamente, é uma das mais bem preservadas construções nórdicas que temos”, afirma o arqueólogo Joel Berglund, vice-diretor do Museu Nacional da Groenlândia.

Eric e sua mulher tiveram três filhos – Leif, Thorvald e Thorstein – e uma filha, Freydis. Um dia, Leif, o filho mais velho, após ouvir relatos de navegadores que avistaram terras desconhecidas no além-mar, decidiu navegar em direção ao oeste. Foi então que chegou à costa leste do Canadá, mais precisamente em L’Anse aux Meadows, na ilha de Terra Nova. Ele batizou o lugar de Vinland, ou terra das vinhas. Há, no entanto, uma controvérsia sobre o significado desse nome. Alguns estudiosos acreditam que não foram uvas que os vikings encontraram, mas amoras selvagens. Outros apontam que, na verdade, Vinland não significa terra das vinhas, mas terra de pasto. De qualquer forma, foi lá que Leif e seus companheiros aportaram e estabeleceram o primeiro assentamento europeu no Novo Mundo.

“Homens feios”

Os arqueólogos liderados pelo norueguês Helge Ingstad trabalharam durante oito anos nas ruínas de L’Anse aux Meadows. No total, eles encontraram três casas grandes, três oficinas e duas construções menores. Também foram desenterrados cerca de 800 artefatos, entre ferramentas, instrumentos de caça, um forno e quatro canoas. Uma espécie de roca e uma agulha feita de osso que estavam no local sugerem que as mulheres, assim como os homens, também viveram nessa colônia. Outros objetos, como um alfinete de bronze, um prego de navio feito de ferro e um carretel de pedra-sabão, ajudaram a provar que não se tratava de artefatos indígenas, já que estes desconheciam tais tecnologias. Antes da chegada do explorador norueguês, em 1960, os pescadores da região achavam que o local era um “acampamento indígena”.

A configuração das edificações, a pobreza dos artefatos e do lixo encontrados em relação aos de outras colônias vikings e a ausência de um cemitério e de um estábulo para os animais convenceram os especialistas de que o local não era um assentamento permanente. Os arqueólogos acreditam que ele servia de base para outras expedições ao longo da costa canadense e que foi escolhido por sua localização privilegiada, fácil de ser avistada pelo mar. Isso explicaria também o fato de ele ter sido construído num terreno pedregoso e perigoso, sendo que havia locais muito mais acessíveis a apenas alguns quilômetros dali. Hoje o vilarejo é um ponto turístico, onde é possível ter uma visão geral sobre o dia-a-dia dos primeiros exploradores europeus.

A ocupação viking da América do Norte, no entanto, durou menos de dez anos. Apesar de a terra ser boa para o pasto, rica em madeira e em animais para a caça, não sobrou nenhum viking para contar história no local. Alguns especialistas afirmam que provavelmente os exploradores sentiam saudades da terra natal e eram em número muito reduzido para manter ativa uma colônia numa área isolada. No livro The Viking Discovery of América, Ingstad levanta a hipótese de que o lugar era perigoso demais para os exploradores nórdicos. As sagas vikings falam sobre as batalhas sangrentas contra povos indígenas, que existiam em número superior ao dos exploradores nórdicos. Os nativos foram chamados pelos vikings de skraelings, ou “homens feios”. Eles tinham os mesmos tipos de armas que os vikings, como lanças e arco-e-flechas, diferentemente de Colombo, que, quase cinco séculos depois, chegou ao continente fartamente munido de armas de fogo. Para Ingstad, tudo foi uma questão de tempo. “Leif Eriksson descobriu a América cedo demais.”

O panteão viking

Os vikings adoravam um panteão de deuses. Os principais eram Odin, o mais poderoso; Thor, seu filho, deus do trovão; e Freya, deusa da fertilidade. Seus nomes estão presentes até nos dias de semana ingleses: Wednesday, Thursday e Friday – quarta, quinta e sexta-feira. Os vikings tiveram contato com o cristianismo a partir das invasões da Europa. Nas terras de maioria cristã, eles adotaram essa religião.

site:http://historia.abril.com.br/fatos/vikings-descobriram-america-434691.shtml

2 comentários:

  1. adorei facil de ler tem um resumo bom
    ha escreve sobre duda..

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  2. que intimidade..heheheheheh Buda e Duda.heheheeh
    ao pedido, coloquei uma postagem sobre o Buda

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