segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Cleópatra, a alegria dos homens


Cleópatra Thea Filopator nasceu em Alexandria entre dezembro de 70 a.C. e janeiro de 69 a.C. Era filha de Ptolomeu XII e de mãe desconhecida. Seu nome é grego e significa “a deusa Cleópatra, amada de seu pai”. A dinastia ptolomaica assumiu o poder em 305 a.C. depois que Alexandre, o Grande, incorporou o Egito à Grécia – o primeiro Ptolomeu era general de Alexandre. Apesar da origem grega da família, Cleópatra foi a única do clã a dominar a língua egípcia. Acredita-se que era uma mulher muito culta – além do grego e do egípcio, falava aramaico e latim, entre outras línguas.

Sabe-se pouco sobre sua infância e adolescência. A imagem de Cleópatra que perdura até hoje é a de uma mulher bonita e sexualmente ousada. Fontes antigas enfatizam sua inteligência e diplomacia – dizem até que ela escreveu livros sobre pesos e medidas, magia e cosméticos. Há quem diga que ela foi uma das inventoras da maquiagem. Estudos recentes afirmam, no entanto, que de bonita ela só tinha a pele – banhada freqüentemente com leite de cabra e perfumada com óleos exóticos.



Ptolomeu XII, seu pai, não era nada popular em Alexandria. Ficou no poder graças ao apoio de Roma, pelo qual teve que pagar grandes quantias de dinheiro, arrancando o couro do povo com pesados impostos. Recebeu o apelido de “Auleta”, que significa “tocador de flauta”, porque preferia levar a vida na flauta, tocando e ouvindo música, a pegar no batente. Em 58 a.C., com o clima mais pesado que nunca para ele, refugiou-se em Roma. Sua filha Berenice IV tornou-se a nova soberana com apoio da população alexandrina. Em 55 a.C., Auleta voltou e mandou matar a própria filha. Nomeu seus filhos Cleópatra e Ptolomeu XIII para o trono do Egito e morreu em 51 a.C. Seguindo o costume da dinastia, Cleópatra casou-se com o irmão – que tinha cerca de 15 anos de idade e passou a ser cercado de puxa-sacos, oportunistas e conspiradores de plantão.

Ambiciosa e malandra, Cleópatra sabia que Roma era a nova potência mundial. Se quisesse ficar no poder, teria que ter boas relações com ela. É aí que entra...

JÚLIO CÉSAR

Filho de família tradicional e com uma certa grana, Caio Júlio César (100-44 a.C.) era um advogado que virou político e que depois decidiu seguir a carreira militar. Em pouco tempo no posto de general, fez importantes conquistas e ampliou os domínios do Império Romano. Mas meteu-se numa guerra civil contra a facção conservadora do Senado romano, comandada pelo respeitado general Pompeu. Eles temiam que César estivesse tramando um golpe para virar ditador.

Em uma batalha travada no dia 9 de agosto de 48 a.C., César conseguiu uma vitória surpreendente contra o favorito Pompeu, que fugiu para o Egito. César regressou a Roma e foi nomeado ditador romano (que não é o mesmo que ser ditador no sentido habitual; era um cargo político cheio de regras). Para ajudá-lo nas campanhas militares, nomeou Marco Antônio.

César decidiu ir ao Egito atrás de Pompeu para oferecer seu perdão. Soube então que ele tinha sido decapitado por ordem de Ptolomeu XIII, que pensou estar fazendo um favor a Roma. Enganou-se. César ficou furioso com a barbárie. Usou seu poder para substituir o rapaz pela irmã, Cleópatra. Foi a chance que ela queria para se aproximar do novo “rei do pedaço”

Conta o filósofo e escritor Plutarco (que viveu no século 1) que Cleópatra mandou um grande tapete a César – fazia frio no Egito naqueles dias. Quando desenrolou o presente, o visitante encontrou nada menos que a própria Cleópatra dentro dele. Na maior cara-de-pau, ela disse que tinha ficado encantada com as histórias amorosas do já cinqüentão César (que era chamado de “o calvo adúltero” por seus soldados). E disse que queria conhecê-lo de perto. Conheceu. Aos 21 anos de idade, tornou-se sua amante e consolidou seu poder.

Enciumados, o mano Ptolomeu XIII e uma irmã, chamada Arsínoe, tentaram virar o jogo, com o apoio do Exército egípcio. César botou todo mundo para correr. Arsínoe foi presa e Ptolomeu XIII afogou-se no rio Nilo quando tentava escapar.

Em junho de 47 a.C., Cleópatra deu à luz Ptolomeu XV César – ou Cesarion (“pequeno César”). César reconheceu a paternidade do menino, mas voltou a Roma deixando no Egito três legiões romanas e uma orientação para a namorada: ela devia se casar com Ptolomeu XIV, também seu irmão.

Tudo parecia tranqüilo. Com todo o mundo romano sob seu domínio, César iniciou uma série de mudanças administrativas. Mudou até o calendário – o mês quintilis foi rebatizado de julius (julho). Até que, no dia 15 de março de 44 a.C., numa reunião do Senado, César foi apunhalado até a morte por um grupo de senadores, entre eles seu protegido Marcus Junius Brutus.

Cleópatra não se apertou. Voltou suas armas de conquista na direção de...

MARCO ANTÔNIO

Em 42 a.C., Marco Antônio fazia parte do triunvirato que governava Roma desde a morte de César, dois anos antes. Ele era o comandante da parte oriental do Império e intimou a rainha do Egito para um encontro político. Cleópatra, conhecendo a fama de mulherengo e beberrão do sujeito, chegou arrasando, com todo o luxo a que tinha direito. Ofereceu até um banquete regado a vinho. Desse encontro político (e de outros que se seguiram no inverno seguinte) nasceram os gêmeos Cleópatra Selene e Alexandre Hélios.

Cada um foi para o seu lado, até que, quatro anos depois, reataram o romance. Cleópatra teve então outro filho, Ptolomeu Filadelfo.

No fim de 34 a.C., Marco promoveu um verdadeiro trem da alegria com as chamadas “Doações de Alexandria”. Distribuiu cargos e terras (países inteiros) a Cleópatra e seus filhos – o equivalente a um terço do território romano. Divorciou-se da esposa Otávia e declarou que o filho de Cleópatra com César era o herdeiro legítimo do poder em Roma. Foi um escândalo.

Ultrajado, o general Otaviano – irmão de Otávia, sobrinho de Júlio César e comandante da Roma Ocidental – discursou no Senado, dizendo que a doação de terras conquistadas pelos romanos a uma mulher era uma “afronta imperdoável”.

Os senadores destituíram Marco de suas atribuições e acabaram com a imagem do Egito e de Cleópatra – chamaram-na de feiticeira para baixo. A guerra civil era inevitável. E ela veio com tudo.

O conflito – conhecido como Batalha de Ácio – arrastou-se por meses. Importantes aliados de Marco Antônio mudaram de lado em protesto pelos palpites de Cleópatra. Um dia, sem mais nem menos, ela içou velas e partiu com 60 navios rumo ao Egito. Seu apaixonado marido, sem entender nada, pegou um barco menor e foi atrás dela, deixando os soldados na mão. Até hoje não se sabe ao certo por que ela fez isso. Resultado: desastre. Marco perdeu 5 mil soldados e 300 navios. E caiu numa depressão que teria conseqüências trágicas.

Cleópatra tentou levar sua fortuna para a Índia e lá fundar um novo reino, mas foi atacada no meio do caminho por tribos inimigas de sua dinastia e teve que voltar para trás. Em Alexandria, ficou sabendo que Otaviano estava a caminho para capturá-la. Despachou o filho Cesarion para a cidade de Coptos. A cavalaria de seu marido estava resistindo bravamente aos ataques de Otaviano. Mas Marco, acreditando nos boatos que diziam que sua musa estava morta, suicidou-se com um golpe de espada. A notícia chegou a Cleópatra por volta do dia 30 de agosto de 30 a.C. Para não se submeter à humilhação de ser exibida acorrentada pelas ruas de Roma, deixou-se picar por uma serpente – que alguém tinha trazido para ela num cesto de figos. Era o fim de uma história de amor – e de 3 mil anos de reinado dos faraós no Egito. Aquele que tinha sido o maior império sobre a Terra era agora apenas mais uma província romana.

site:http://historia.abril.com.br/politica/cleopatra-alegria-homens-435414.shtml

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