segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

A Arca da Aliança: O último mistério


"Assim falou Javé a Moisés: ‘Farás uma arca com madeira de acácia: seu comprimento será de dois côvados e meio; sua largura, de um côvado e meio; sua altura, também de um côvado e meio. Tu a revestirás com ouro puro, recobrindo-a por dentro e por fora; e farás ao seu redor um friso de ouro. Fundirás para ela quatro argolas de ouro, que porás nos seus quatro cantos; duas argolas num lado e duas argolas no outro lado. Farás também varais de madeira de acácia, revestindo-os de ouro. E os introduzirás nas argolas que estão nos lados da arca a fim de que esta, por meio deles, possa ser transportada. Dentro da arca guardarás o Testemunho que eu vou te dar’.”

domingo, 19 de dezembro de 2010

Gandhi, em nome da paz


Silêncio na sala de aula. Começa o ditado. “Uma das palavras era ‘chaleira’, que eu escrevi errado. O professor tentou me avisar com a ponta da bota, mas não entendi que ele estava me dizendo para colar a palavra do colega ao lado. (...) O resultado foi que todos escreveram a palavra corretamente, menos eu, considerado estúpido. O professor procurou me alertar sobre minha estupidez, mas nunca consegui aprender a arte de colar. Mais tarde, soube de outras falhas cometidas por esse professor, mas minha admiração por ele nunca diminuiu.”

Esparta X Atenas: a briga estúpida de duas irmãs


Você deve ter aprendido que as duas cidades-estados mais poderosas da antiga Grécia eram inimigas – e completamente diferentes. Os atenienses valorizavam a arte e a literatura, brigavam por participação popular no governo e eram grandes navegantes. Os espartanos achavam que homem que é homem fala pouco, louvavam a obediência acima de tudo e, se tivessem que guerrear, que fosse em terra firme.

As relações entre Atenas e Esparta eram de amor e ódio. Durante a guerra contra os persas, as duas cidades comandaram lado a lado a resistência ao invasor – Esparta em terra e Atenas no mar.

sábado, 18 de dezembro de 2010

Persas X Gregos - 200 mil contra 300


O dia amanheceu desafiando o bom senso. Após meio século de supremacia inquestionável, o Império Persa, o maior que o mundo já vira até então, estava sendo atacado. Corria, então, o ano de 497 a.C. A ameaça vinha dos jônios, colonos de origem grega que viviam espalhados ao longo do litoral da Ásia Menor, atual Turquia, região dominada pelos persas desde 545 a.C. Ousando desafiar a cólera dos dominadores, os rebeldes tinham atacado e incendiado a cidade persa de Sárdis. O rei Dario I ficou furioso com a ousadia. O que mais o enraiveceu, no entanto, foi o detalhe que despertara a súbita valentia dos vassalos: eles tinham contado com ajuda externa. Duas cidades da Grécia continental, do outro lado do mar Egeu, tinham enviado uma esquadra cheia de soldados para lutar ao lado dos revoltosos. Uma dessas cidades chamava-se Erétria; a outra, na época ainda pouco conhecida, era Atenas. Dario nunca tinha ouvido falar dos tais atenienses. Fervendo de indignação, apanhou um arco, disparou uma flecha para o céu e suplicou à divindade suprema que lhe concedesse a vingança contra seus novos inimigos.

Sociedades secretas


A trama de O Código Da Vinci, o maior sucesso editorial dos últimos anos, foi toda construída a partir da fascinante idéia de que sociedades secretas não só existem como podem mudar o rumo dos acontecimentos e da história como a conhecemos hoje. Algumas dessas sociedades ocultas, como o Priorado de Sião e o Opus Dei, têm papel de destaque na aventura descrita pelo escritor americano Dan Brown. A essas organizações misteriosas credita-se o conhecimento de informações secretas, algumas místicas até. Essas sociedades também seriam responsáveis por planos conspiratórios que teriam um único objetivo final: dominar o mundo.

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

ilhas Malvinas: o rato que ruge


A ordem de ataque foi dada às 23 horas do dia 1º de abril de 1982. Já a postos, homens do primeiro comando anfíbio deixaram o navio Santíssima Trindade e enfrentaram em botes infláveis as águas geladas do Atlântico Sul. Levaram uma hora para chegar a Porto Enriqueta, a 500 quilômetros da costa argentina e avançaram no meio da névoa por seis quilômetros até avistar o quartel da marinha inglesa. Tinha início a Operação Rosário, lançada pelo governo da Argentina para recuperar as ilhas Malvinas (ou Falklands, para os ingleses) depois de 149 anos de domínio britânico.

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Hiroíto: As várias faces do imperador


Cansado dos bombardeios freqüentes, das mortes e da fome causadas pela Segunda Guerra, o povo japonês esperava o anúncio que o imperador faria pelo rádio. Apesar da tristeza e da exaustão, sobrava espaço para um certo frisson no ar. Naquele 15 de agosto de 1945, ao meio-dia, pela primeira vez o monarca iria falar diretamente a seus súditos. Até então, seus decretos eram sempre lidos por algum emissário. Em aparições públicas, ninguém estava autorizado a olhar diretamente para o soberano. Tocá-lo era proibido até mesmo para seus médicos e alfaiates. Ele era o deus vivo, descendente da deusa do Sol, Amaterasu.

As mil e uma faces de Mao Tsé-tung


Praticamente todos os grandes ditadores do século 20 foram condenados pela história. Na Rússia, Stálin não passa de um espectro que poucos gostariam de reviver. Na Itália, quase não se vêem imagens de Benito Mussolini. E nem é preciso dizer o que aconteceria a um alemão se ele resolvesse vestir uma camiseta com a foto de Adolf Hitler. No caso do líder chinês Mao Tsé-tung, o julgamento parece ainda estar em aberto. “Apesar de milhões de chineses terem morrido durante seu regime, a imagem de Mao continua não apenas aceitável, como é considerada um ícone fashion em vários países do Ocidente”, escreveu recentemente Arthur Waldron, professor de Relações Internacionais da Universidade da Pensilvânia, Estados Unidos, na revista americana Commentary. “Como os próprios chineses nunca o repudiaram totalmente, sua figura continua sendo fonte de legitimidade para o governo de Pequim.”

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Norte contra Sul: Avanço fulminante rumo a Saigon


Com exceção da cidade de Xuan Loc, o Exército Popular do Norte chegou à capital do Vietnã capitalista com uma facilidade e rapidez que nem eles esperavam. A dica de que havia chegado o momento de conquistar definitivamente todo o país foi dada em 6 de janeiro de 1975, quando os norte-vietnamitas invadiram e tomaram a cidade de Phuoc Long, a apenas 100 quilômetros a noroeste da capital Saigon.

domingo, 12 de dezembro de 2010

Khmer: O império perdido


O naturalista francês Henri Mouhot não acreditava no que via. Em meio à densa selva asiática do Camboja, então parte da colônia francesa da Indochina, templos imensos, esculturas riquíssimas e um complexo sistema hidráulico apareciam a seus olhos – isso entre árvores, macacos, leopardos e insetos, muitos insetos. As construções, engolidas pela floresta, eram descobertas naquela missão de 1860, patrocinada pela Real Sociedade Geográfica britânica e pela Sociedade Zoológica de Londres. O mundo era apresentado, estupefato, ao Império Khmer, uma das maiores civilizações da Idade Média.

Musashi, o espírito samurai


O filme O Último Samurai, superpro-dução com o astro Tom Cruise que estreou no Brasil em janeiro, recria os derradeiros dias dos homens que comandaram os destinos do Japão durante mais de 700 anos. Da sua ascensão à elite do país até o ocaso, os samurais moldaram valores que ainda são caros aos japoneses de hoje. Prova disso é a popularidade daquele que é considerado o maior de todos os samurais, Miyamoto Musashi, morto há quase 350 anos. Durante todo o ano de 2003, a NHK, principal emissora de TV do Japão, exibiu um seriado sobre Musashi que cativou milhões de espectadores. O épico foi baseado no romance Musashi, do escritor Eiji Yoshikawa. Publicado originalmente como um folhetim no Asahi Shimbun, entre 1935 e 1939, tornou-se a obra literária de maior sucesso na história do Japão, com mais de 120 milhões de exemplares vendidos. Foi traduzido para 23 línguas, incluindo o português. Inspirou uma história em quadrinhos, a Vagabond, que já vendeu 28 milhões de cópias no Japão e foi lançado também no Brasil.

sábado, 11 de dezembro de 2010

Gangues do Rio: capoeira era reprimida no Brasil


O escravo Felipe Angola caminhava sozinho pelas vielas do Rio de Janeiro. Naquele 10 de setembro de 1810, estava longe dos olhos do seu senhor, o comerciante Francisco José Alves, mas era observado de perto. De repente, foi surpreendido por uma patrulha da Guarda Real. Emboscado, tentou uma manobra que dominava: atacou os guardas com um movimento de pernas. Sua habilidade e força não bastaram para conter os três policiais, que o levaram preso. Felipe se tornou o primeiro escravo a ir para trás das grades no Rio de Janeiro por ser capoeirista. A arte marcial (ainda) não era um crime. Só o suficiente para transformar seus adeptos em criminosos em potencial, para uma polícia que agia à revelia da lei.

Historia do Muay Thai


Significado da palavra
MUAY THAI: Arte livre

O Muay Thai, o qual também é conhecido como Thai Boxing em alguns países como Estados Unidos e Inglaterra, é muito conhecido no Brasil como Boxe Tailandês e é uma Arte Marcial Tailandêsa com mais de 2.000 anos de idade. A origem do Muay Thai confunde-se com a origem do povo Tailandês. Existem várias versões sobre a origem do Muay Thai. A mais aceita pela maioria dos Mestres de Muay Thai e também por vários historiadores Tailandeses é a seguinte:

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Levante dos Malês: Guerreiros de Alá na Bahia


Os poucos soldados da polícia de Salvador que foram acompanhar o que parecia outra averiguação de rotina sobre escravos rebeldes, numa madrugada sonolenta de janeiro de 1835, provavelmente tiveram a pior surpresa de suas vidas ao dar de cara com aquela cena. De espada em punho, um bando enfurecido de uns 50 homens negros partiu para cima dos incrédulos policiais, gritando “mata soldado” e palavras de ordem em idiomas africanos. De repente, o papel de escolta do juiz de paz Caetano Galião, que comandava a diligência, deu lugar a uma reação desesperada para tentar salvar a própria pele. Carregando afobados as espingardas, os soldados nada puderam fazer para impedir o avanço dos guerreiros africanos, que mataram um patrulheiro e feriram outros quatro, ganhando a seguir as ruas da cidade. Começava o que ficaria conhecido como “levante dos malês”, uma rebelião comandada por muçulmanos em plena Bahia.

A Criação de Israel: duas visões conflitantes


Se existe uma lição filosófica inconfundível na criação do Estado de Israel, é esta: o significado de um fato histórico depende do olho de quem o vê. Para boa parte do mundo (incluindo a maioria dos judeus ao redor do planeta, claro) a fundação de Israel foi um feito heróico, uma proeza épica, a culminância de um sonho milenar, que inflamou o coração de gerações e gerações de hebreus desde os tempos da Diáspora. Para os árabes palestinos, no entanto, foi uma catástrofe. Até hoje, eles relembram o ano de 1948 como "El-Nakba" - ou "a desgraça".

A versão israelense

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Javé: A invenção de Deus


O todo-poderoso deus do Sol Amon-Rá, um dos criadores do mundo no antigo Egito, não passa hoje de mera curiosidade arqueológica. O mesmo fim levaram outros deuses egípcios, como Osíris e sua mulher Ísis. Tiamat e Apsu, deuses da criação na Mesopotâmia, também foram relegados ao ostracismo. Zurvan, o deus do tempo na Pérsia antiga, não conseguiu acompanhar o passar dos séculos com a mesma força. E os grandes deuses gregos e romanos, como Zeus (Júpiter, para os romanos), Afrodite (Vênus) e Apolo (Marte), apesar de gozarem ainda de status literário e mitológico no Ocidente, não são levados mais a sério como divindades – a não ser em episódios de desenhos animados como Os Superamigos, onde ainda são invocados por personagens como o Super-Homem, a Mulher-Maravilha e outros membros da Sala de Justiça.

Esse, definitivamente, não é o caso de Javé. O deus bíblico criador do céu e da terra segundo o Gênesis continua reinando absoluto para mais de 3 bilhões de judeus, cristãos e muçulmanos (ainda que estes últimos o chamem de Alá). Mesmo que você seja ateu, Javé continua moldando boa parte de sua vida. Afinal, a imagem de um ser todo-poderoso, masculino, onipotente, pai, permeia a cultura, o comportamento e a ética do Ocidente. Mas como a idéia de um único deus, cultuado inicialmente por pequenas tribos do Oriente Médio, viria a mudar a história do planeta? Como Javé superou os deuses dos maiores impérios da Antiguidade?

Jesus antes de Cristo


Cristo está em toda parte: nas obras mais importantes da história da arte, nos roteiros de Hollywood, nos letreiros luminosos de novas igrejas, nas canções evangélicas em rádios gospel, nos best-sellers de auto-ajuda, nos canais de televisão a cabo, nos adesivos de carro, nos presépios de Natal. Onde você estiver, do interior da floresta amazônica às montanhas geladas do Tibete, sempre será possível deparar com o símbolo de uma cruz, pena de morte comum no Império Romano à qual um homem foi condenado há quase 2 mil anos. Para mais de 2 bilhões de pessoas esse homem era o próprio messias (“Cristo”, do grego, o ungido) que ressuscitara para redimir a humanidade.

Embora o mundo inteiro (inclusive os não-cristãos) esteja familiarizado com a imagem de Cristo, até há bem pouco tempo os pesquisadores eram céticos quanto à possibilidade de descobrir detalhes sobre a vida do judeu Yesua (Jesus, em hebraico), o homem de carne e osso que inspirou o cristianismo. “Isso está começando a mudar”, diz o historiador André Chevitarese, professor de História Antiga da Universidade Federal do Rio de Janeiro e um dos especialistas no Brasil sobre o “Jesus histórico” – o estudo da figura de Jesus na história sem os constrangimentos da teologia ou da fé no relato dos evangelhos. Embora tragam detalhes do que teria sido a vida de Jesus, os evangelhos são considerados uma obra de reverência e não um documento histórico. Chevitarese e outros pesquisadores acreditam que, apesar de não existirem indícios materiais diretos sobre o homem Jesus, arqueólogos e historiadores podem ao menos reconstituir um quadro surpreendente sobre o que teria sido a vida de um líder religioso judeu naquele tempo, respondendo questões intrigantes sobre o ambiente e o cotidiano na Palestina onde ele vivera por volta do século I.

domingo, 5 de dezembro de 2010

Canudos: O sertão em pé de guerra


Cai a tarde no Belo Monte, enquanto dois homens, um velho e uma criança tentam resistir ao cerco dos milhares de soldados do Exército que rugem por entre as vielas estreitas, saqueando casebres, degolando prisioneiros, incendiando túneis e o que sobra do arraial. O céu está vermelho, enfumaçado e quente, o cheiro é horrível e os urubus infestam o ar, efeito da guerra e da seca que racha a terra do sertão baiano. Até que os últimos quatro combatentes são mortos. E é o fim. Canudos foi destruído, mas não se rendeu.

A queda da cidade idealizada por Antônio Conselheiro aconteceu no dia 5 de outubro de 1897. Encerrou o mais sangrento conflito armado de nossa História, que provocou o maior número de baixas: 25 mil mortos, entre 5 mil militares enviados pela República e 20 mil sertanejos. Até derrotar Canudos, o governo foi mais de uma vez humilhado e precisou colocar em campo 12 mil soldados, metade de toda a Força nacional da época. Os quatro últimos sobreviventes são citados por Euclides da Cunha - cujo centenário de morte é comemorado este ano -, que acompanhou o confronto como correspondente do jornal O Estado de S. Paulo e escreveu, sobre ele, o épico Os Sertões.

A partilha da Palestina


Os senhores todos sabem como votar. Os que são a favor dirão sim; os que são contra dirão não; e os que se abstêm sempre sabem o que dizer.” Passava das 16 horas no dia 29 de novembro de 1947, em Lake Sucess, perto de Nova York, quando o presidente da Assembléia Geral da ONU, o gaúcho Oswaldo Aranha, abriu a votação que decidiria a sorte de uma região de pouco mais de 20 mil km2 no Oriente Médio. Os 56 países presentes deveriam votar a favor ou contra a partilha da Palestina em dois Estados: um árabe, outro judeu.

Não havia televisão, muito menos internet. Era grudando o ouvido no rádio que os habitantes do Mandato Britânico na Palestina acompanhavam a votação. Em função do fuso horário, já era noite em Jerusalém, Belém, Tzova, Ramallah e demais cidades da região. Mas quem conseguia dormir com uma questão dessas sendo decidida? A Assembléia Geral analisava a terceira proposta feita pelo Comitê ad hoc – ou seja, a partilha política. A região contava com uma população de 1,3 milhão de árabes e cerca de 600 mil judeus. Jerusalém não ficaria com judeus nem árabes: teria a tutela da ONU. O futuro Estado judeu corresponderia a 55% do território. Ao Estado árabe caberiam 45% da área.

sábado, 4 de dezembro de 2010

O império do Vaticano


A passagem é uma das mais famosas da Bíblia. Diante da fé inabalável de seu discípulo Simão, Jesus teria declarado: “Eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja. Darei a ti as chaves do Reino dos Céus”. A frase se tornou a base da autoridade dos papas. Como sucessores diretos de Pedro, eles teriam de guiar todos os cristãos do mundo, seguindo os ensinamentos de Jesus. Os papas, entretanto, não se contentaram com os Céus. Acabaram se tornando donos das chaves de muitos reinos da Terra.

Apenas três séculos após a morte de Pedro, os pontífices deixaram de ser líderes de uma seita perseguida para virar interlocutores de imperadores. Com o tempo, tornaram-se senhores de seu próprio império, governando grandes extensões de terra na Itália e fora dela, só perdidas no século 19. Em sua busca por território e poder, negociando nos bastidores ou comandando exércitos pessoalmente, houve momentos em que os papas pareciam ser capazes de moldar o mundo como quisessem.


Carrascos nazistas: Felizes para sempre


Assim que a Segunda Guerra acabou na Europa, em junho de 1945, a derrotada Alemanha foi dividida em quatro zonas, controladas pelos três grandes vencedores – americanos, soviéticos e britânicos – e pelos franceses. Cerca de 1,5 milhão de ex-combatentes alemães voltavam a seu país, vindos de locais como França, Itália e Polônia. Por todo o continente, havia ainda 2,5 milhões de prisioneiros: soldados, oficiais, políticos e colaboradores nazistas, entre os quais estavam responsáveis por um conflito que causou pelo menos 40 milhões de mortes e pelo extermínio de cerca de 6 milhões de judeus, 2 milhões de eslavos e outros 200 mil civis (como ciganos e testemunhas de Jeová).

Quando cessaram os tiros, um objetivo dominou os vencedores: punir os perdedores. “A punição de criminosos de guerra não se trata de vingança”, afirmou o historiador britânico Eric Hobsbawm no livro Era dos Extremos. “Trata-se de trazer de volta a ordem e a normalidade, restabelecendo a confiança dos povos nos organismos legalmente constituídos.” Segundo Hobsbawm, esse processo de “desnazificação da Europa” não pretendia condenar milhares, mas “punir aqueles que servissem de exemplo”.


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