
No momento em que, em 370, os hunos, liderados por Átila, decidiram cavalgar das estepes asiáticas em direção a oeste, a Europa começou a ficar de pernas para o ar. Apenas 106 anos depois, caía por terra o Império Romano do Ocidente. Tinha início um processo militar, político e social, que transformou para sempre os rumos da História. Furiosos, destemidos, violentos, os hunos começaram a pressionar alguns povos, como ostrogodos e vândalos, que estavam em seu caminho. Para escapar da fúria de Átila e seus guerreiros, essas tribos também passaram a procurar recantos mais seguros onde pudessem se estabelecer. Tarefa nada fácil, já que naquela época o mundo era dominado por uma potência militar, política e econômica: o Império Romano. Com cerca de 6 milhões de quilômetros quadrados, o território latino se estendia de Portugal ao Iraque, do norte da África à Inglaterra. Apesar de alguns conflitos aqui e ali, havia um razoável equilíbrio entre os romanos e os povos por eles dominados. Em alguns casos, até postos do próprio exército imperial eram ocupados pelos germânicos, povo originário de uma região além das fronteiras do império.
A erupção dos hunos detonou um processo irreversível. Era o início de uma era que entrou para a História com o nome de invasões bárbaras. Tradicionalmente esse período abrange os séculos 5 e 6, embora tenham ocorrido invasões de povos bárbaros antes e depois disso, como se verá a seguir. Nessa época, o Império Romano desabou como um castelo de cartas e foi invadido por forasteiros de todos os cantos. “Germânicos de quase todas as tribos marcharam em massa para dentro do império. Foi uma verdadeira inundação humana”, conta o historiador Voltaire Schilling. Mas, afinal, quem eram esses povos que desafiaram o poder romano? Por que passaram a ser conhecidos como bárbaros? De onde vinham?